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Véu de Manopello, Véu de Verônica?

Preciosidades da Nossa Igreja – 4ª PARTE

4. Véu de Manopello, Véu de Verônica?

– Trata-se de mais uma relíquia, que consiste em uma peça de pano apresentando a imagem de um rosto humano. Aliás, uma dupla imagem que, em razão de suas curiosíssimas características, tem despertado o interesse de estudiosos e pesquisadores. A fim de contribuir para o conhecimento dessas imagens, a Missão Popular da Paróquia Cristo Redentor vem expor, de uma forma objetiva, este quarto tema da série “Preciosidades não Feitas por Mãos Humanas”.

– Antes, porém, a fim de ter-se uma idéia do escopo desta série referente a assuntos fascinantes, é recomendado proceder-se à leitura ou, se for o caso, a uma revisão do texto intitulado “Introdução”, precedendo a apresentação da PRIMEIRA PARTE, sobre “A Imagem mais Estudada e Pesquisada, que está em Turim”

4.1. As Duas Imagens e suas Características, Inclusive em Comparação à da Face Existente no Santo Sudário de Turim

– Sim, são duas as imagens gravadas no Véu de Manopello, denominado habitualmente como o “Santo Véu”, tecido muito fino e bastante transparente, sendo uma imagem em cada um dos lados desse pano. Seu aspecto corresponde à face de Jesus Cristo habitualmente representada na iconografia cristã, com cabelos compridos e barba, olhos abertos e boca entreaberta. Nas descrições do rosto, são referidos: pontos de inchação irregularmente localizados; presença de hematomas e equimoses na testa, no nariz e no canto dos lábios; arrancamento de partes da barba, do bigode e das sobrancelhas; nariz parecendo ter sido quebrado. Ver em seguida as duas imagens.

– Esse pano encontra-se em um relicário feito de prata e decorado com ouro e pedras preciosas, sob dois vidros transparentes, medindo 24 X 17,5 centímetros, aplicados sobre cada lado do tecido e fixados numa moldura de madeira( nogueira). Está exposto no altar principal do Santuário de Manopello, o qual foi elevado à condição de Basílica Menor em 22/09/2006 (as quatro Basílicas Maiores estão em Roma). Esse santuário está localizado na Cidade do mesmo nome, região de Abruzos, a 30 km da Cidade de Pescara, parte central da Itália. Para ver o relicário, acesse a seguinte página do site oficial do Santuário: http://www.voltosanto.it/Italiano/locandina.htm

– Embora, num primeiro instante, as imagens no Véu possam parecer algo produzido artificialmente por mãos humanas, vem-se a verificar, graças a um exame mais acurado, que não seria exequível qualquer pintura sobre um tecido com as características nele observadas, inclusive pela existência de nódulos em sua superfície. A propósito, através de exames microscópicos e espectroscópicos, fotos ampliadas obtidas pelo processamento digital em computador e o uso de luz ultravioleta, pôde ser afastada a hipótese de que as imagens tenham sido produzidas por pintura, face à ausência de sinais de tinta acumulada nos espaços entre os fios do tecido. Um dos pesquisadores que demonstraram este aspecto foi o Prof. Donato Vittori, especializado em traumatologia, da Universidade de Bari. No entanto, há de fato, conforme algumas observações, uns poucos pontos com sinais de possível restauração, feita no passado com a utilização de diferentes espécies de material; há também marcas vermelhas, principalmente na testa e no nariz, que corresponderiam a sangue, conforme foi interpretado. De todo modo, pelas conclusões dos estudiosos, são totalmente obscuros o mecanismo de formação das imagens e a sua natureza.

– O tecido é bastante transparente, pois os fios, de que é constituído, vistos em microscópio, entrecruzam-se a diferentes distâncias, formando espaços relativamente amplos e de formas que variam entre si (em cada centímetro quadrado contam-se 26 fios num sentido e 26 no outro, dispostos quase perpendicularmente segundo diversos ângulos). Ver a imagem microscópica do tecido, por exemplo, na página do site oficial do Santuário, http://www.voltosanto.it/Spagnolo/paginaxs.php?c=5

– Em razão da grande transparência do tecido, os dois seguintes aspectos podem ser observados: um objeto ou um texto, colocado em frente a um dos lados do tecido, pode ser visto ou lido no outro lado; e a imagem desaparece quando se faz incidir um foco luminoso no lado oposto. Trata-se de um tipo de tecido tipo “byssus”, possivelmente linho (também mencionado como sendo uma cambraia), usado pelos antigos egípcios e hebreus e comumente encontrado em túmulos de faróis.

– Está relatado no site oficial do Santuário de Manopello que nos anos de 1703 e 1714, os vidros que cobrem a relíquia foram retirados do relicário, fazendo com que desaparecessem de imediato as imagens, as quais tornaram-se novamente visíveis após a recolocação dos vidros. Ver na página http://www.voltosanto.it/Spagnolo/paginaxs.php?c=5, quase próximo ao final do texto sob o título “Continuación de la historia sagrada”, ou seja, quase no término do antepenúltimo parágrafo.

– O psicólogo e escritor Bruno Sammaciccia, em 1970, utilizou raios polarizados de uma luz gerada por um dispositivo empregado em pesquisas de peças de arte antigas, a chamada lâmpada de Wood, tendo então observado que, a par de em volta da Santa Imagem da Face as cores e luminosidades fossem vistas com uma reação normal, ela mesma, a Santa Face, no entanto, permaneceu totalmente inerte, sem resposta. Esse comportamento da Imagem foi considerado como indicativo do seu caráter misterioso, permitindo ao pesquisador admitir que de fato ela foi formada ao tocar o rosto de Jesus. Sucedendo a esse exame, o Prof. Giorgio Baitello, do Instituto de Arte de Chieti, também analisou a peça e, embora não tendo chegado a uma conclusão de que se tratasse de algo “aquiropita” ou, de outro lado, produzido por mãos humanas, referiu-se à imagem como sublime, bela e perfeita, expondo olhos penetrantes, vivos e palpitantes. Sammaciccia obteve a colaboração do fotógrafo Gianni Cati, assim podendo dispor de documentação fotográfica de sua experiência.

– Estudos comparativos com a face que faz parte do santo Sudário de Turim, incluindo a sobreposição sobre folhas transparentes, permitiram evidenciar as semelhanças entre aquela relíquia e o Véu de Manopello, em relação a forma e dimensões, perfeitamente superponíveis e ajustáveis, como foi observado pela monja Trapense Ira Blandina Paschalis Schloemer, entusiasta da iconografia e a ela dedicada. Também foi verificada a coincidência entre as lesões físicas, merecendo destaque a inchação localizada na bochecha direita. De acordo com os estudiosos, como Andréas Resch, há  dez pontos de coincidência entre as duas imagens. Por outro lado, existem também algumas diferenças, cabendo destacar-se as seguintes: a ausência, no Véu, do 3 invertido na região da testa; as cores das imagens, sendo monocromática no Sudário, de cor entre a amarela e a marrom clara, e diversas no Véu; os olhos que se apresentam fechados no Sudário, como sendo provavelmente de um homem morto, e abertos no Véu, possivelmente de um homem vivo. Disso resultou a conclusão de que as duas imagens foram formadas em momentos e circunstâncias distintos e que seriam de uma mesma pessoa submetida a torturas. Os exames de tridimensionalidade também mostraram diversas coincidências.

– Há também diferenças entre as duas imagens vistas em ambas as faces do Santo Véu, cabendo destacar a que observa-se em relação à mecha de cabelos que aparece na parte superior da fronte, fotográfica e tridimensionalmente documentada. Os estudiosos dão um grande valor a esta diferença, considerando-a como indicativa de sua condição de imagem “aquiropita”, isto é, não feita por mãos humanas. Ver na página http://www.shroud.com/pdfs/jaworski.pdf.

– Outra diferença entre as duas relíquias é a tridimensionalidade( 3D ) de que são dotadas, como foi observado com o uso de um software para processamento 3D, de acordo com diferentes níveis de luminescência, mostrando espessuras ou alturas diversas do material das imagens em relação ao nível da superfície do pano. Essa condição, 3D, bem marcante, é apreciada, como característica exclusiva, em toda a extensão da imagem no Sudário, porém apresenta-se em proporções restritas e de fraca intensidade no Véu. Para mais pormenores, sugerimos consultar a página http://www.shroud.com/pdfs/jaworski.pdf.

4.1.1. Mais uma Característica do Véu, Vivamente Manifestada através de Peregrinos Brasileiros em Manopello

– Um grupo de sete pessoas da Comunidade Emanuel do Rio de Janeiro, sob a direção de Dom Cipriano Chagas, OSB- ao todo oito pessoas-, esteve em visita ao Santuário de Manopello há pouco mais de vinte anos, tendo sido feitas então, quase simultaneamente, algumas fotografias da relíquia pelo beneditino e pela médica Dra. Maria Lira. Surpreendentemente, nas fotos obtidas foram registradas diferentes expressões faciais, com lábios e pálpebras em posições que variaram, dando nítida impressão de que a imagem de Manopello comporta-se como imagem viva. Uma hipótese, levantada na ocasião pelo grupo, foi a de que talvez alguma distorção tivesse ocorrido, devida a certa deformação do tecido, descartada de imediato ao considerarem que esse pano estava e está fixado, e de certa forma pressionado, entre os vidros do relicário. E mais: os padres Capuchinhos do Santuário referiram essa mesma ocorrência em outras ocasiões.

A descrição desse fato pode ser encontrada no livro “A Adorável Face de Jesus”, de autoria daquela médica, Editora Louva-a-Deus, Rio de Janeiro, 1999, apresentando, inclusive, uma bela e significativa reflexão sobre a face do Redentor. No entanto, as referidas fotos não foram incluídas naquela publicação e, igualmente, em artigo sobre o mesmo assunto, anteriormente lançado na revista “Jesus Vive e é o Senhor”, da Comunidade Emanuel. E cabe dizer-se aqui que um dos membros da Missão Popular da Paróquia Cristo Redentor pôde apreciá-las durante uma reunião de médicos católicos no Convento da Associação Nossa Senhora do Cenáculo, no bairro de Laranjeiras, Rio de Janeiro, de que participou pouco depois da magnífica experiência daqueles peregrinos. Tais observações constituem uma preciosa contribuição ao conhecimento da relíquia.

4.2. Pequena Revisão Histórica

– No ano de 1506, um misterioso peregrino chegou a Manopello, onde entregou o Véu, num embrulho, ao Dr. Giacomo Antonio Leonelli, físico dedicado ao estudo dos astros, dizendo-lhe que aquele pano continha a imagem de Cristo. E o peregrino desapareceu logo após, de forma inexplicável. Leonelli, fascinado, levou o Véu para sua casa, tendo construído um nicho, tipo armário com chave e iluminação permanente, onde manteve a relíquia. Esta pertenceu à Família Leonelli até 1618, quando foi vendida a Danatonio de Fabritis, que, vinte anos mais tarde, através de doação, passou-a aos cuidados do Convento dos Frades Menores Capuchinhos, os quais confiaram então, ao teólogo Pe. Donato da Bomba, também Capuchinho, uma pesquisa sobre as origens do Véu. Após essa análise, incluindo o exame do tema básico das Sagradas Faces e do Véu de Verônica, o pesquisador atestou o caráter milagroso do Véu de Manopello em documento lido e aprovado no dia 06 de abril de 1646, conservado até o presente no Arquivo dos Provinciais Capuchinhos, no Convento de Santa Chiara, em Áquila. Mais informações, entre outras, na página do site oficial do Santuário de Manopello: http://www.voltosanto.it/Spagnolo/paginaxs.php?c=5 .  Ver ali também a descrição sumária de alguns fatos e aspectos maravilhosos.

4.2.1. O Papa Bento XVI no Santuário de Manopello

– O santo Padre visitou o Santuário no dia 1º de setembro de 2006, ano em que  completaram-se quinhentos anos desde a chegada da relíquia a Manopello, tendo então pronunciado o discurso cujo texto se encontra na página http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2006/september/documents/hf_ben-xvi_spe_20060901_manoppello_po.html

4.3. Seria o Véu de Manopello o Próprio Véu de Verônica?

– Um dos pesquisadores que associam um Véu ao outro, considerando-os como sendo uma só relíquia, é o Pe. Heinrich Pfeiffer, professor catedrático de iconografia e história de arte cristã na Pontifícia Universidade Gregoriana, após um grande estudo histórico que realizou, estimulado pelo relato feito pelo Pe. Donato da Bomba em meados do século XVII. Segundo o Pe. Pfeifffer, o Véu de Verônica estava exposto desde o século XII em uma capela da Basílica de São Pedro em Roma, capela essa que foi demolida no início do século XVII,  tendo a relíquia desaparecido então- diz-se também que foi roubada- e chegado a Manopello no ano de 1608. Nossa interrogação, já constando do título desta Quarta Parte, deve-se principalmente a certa dúvida acerca da falta de correspondência entre aquele ano mencionado pelo Pe. Pfeiffer e o referido no relato histórico exposto no site oficial do Santuário de Manopello (ver no subitem 4.2 ), ou seja, 1506.

Os dados e informações sobre o trabalho desenvolvido pelo Pe. Pfeiffer podem ser vistos na página http://www.shroud.com/pdfs/roberto.pdf.

4.4. Opiniões Opostas à que Considera o Santo Véu como Preciosidade não Feita por Mãos Humanas

– Estudiosos da história da arte e o fotógrafo Roberto Falcinelli consideram o Véu como uma obra de arte, apesar de em algumas verificações científicas ter sido excluído o emprego de técnicas de pintura para a formação das imagens. Falcinelli, em 1999 e 2001, esteve em Manopello, tendo feito fotos da relíquia e utilizado, por ocasião de sua segunda visita, um microscópio portátil, que lhe permitiu evidenciar pequenos focos de pigmento aplicado sobre o tecido ( seriam os mesmos que outros descobriram?- ver, acima, no 3º. parágrafo do subitem 4.1 ). A par dessas observações, ele dedicou-se a uma cuidadosa pesquisa sobre antigas obras de arte, focalizando pinturas do final do século XV e início do século XVI, a ponto de concluir que o Véu de Manopello deva ser possivelmente uma obra de arte do ano de 1500. A página composta por Falcinelli, referida no subitem precedente, contém a descrição da pesquisa que empreendeu e diversos outros relatos úteis, inclusive de estudos e pesquisas que tendem a favorecer a tese de que a Santa Face no Véu de Manopello seja uma obra “aquiropita”, isto é, não feita por mãos, subentendidas como mãos humanas.

4.5. Conclusões

– Sem dúvida, a Santa Face de Manopello constitui uma relíquia com características que, graças à contribuição de toda a tecnologia utilizada, mostram seu caráter milagroso e extraordinário. E, mais ainda, é a expressão viva de toda a Verdade e do Amor infinito.

– E serve para nossa mais profunda reflexão acerca do que um especial semblante de sofrimento redentor seja mais do que suficiente para uma grande e equilibrada mudança de sentimentos e comportamentos, visando o Bem maior e absoluto, fonte da verdadeira Paz.

Pesquisa e texto: Missão Popular da Paróquia Cristo Redentor

Próximo tema: “Uma Relíquia Brasileira: A Sagrada Face, que está em Roseira (SP) ”